sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ser-se ser o que sou e o que se é

Sou princesa sem Reino.
E com a minha beleza
incendeio vales.
Sou um cavalo branco
soldado de um sonho
Perseguido pelo amanhecer.
Não sou rainha nem rei
Sou o bobo desta corte
Onde a piada mora neles.
Sou fada,
Sou pequena.
Um ser insignificante.
Aos olhos de alguém pareço outrém...
Mas nada, nada sou.
Sou uma criança etíope.
Tenho fome e sede.
Aos olhos de alguém não pareço ninguém.
Sou preta.
Passo despercebida na noite
E no dia.
Sou um gato.
Não tenho dono
Vivo nos telhados da minha cidade
E guardo em mim todos os segredos desta.
Sou um velho,
Passo os dias que me restam em bancos de jardim.
Não sou barulhento
Não incomodo,
Tão imperceptivel
Que ninguém se lembra de mim.
Sou uma modelo.
Bela demais para conhecer,
Perdi-me numa escada em caracol,
Perdi-me na cocaina.
Sou um nariz e uma boca cegos.
Os olhos, esses ficaram na Guerra.
Sou um pulmão
Só tive um amor nesta vida
Era o Português Suave.
Sou mendigo
Meu espírito canta e dança
Com a hipocrisia.
Sou um padre
Não conheço a duvida
Mas acredito nela.
Não tenho pai nem mãe
Afinal quem sou?
Sou um copo de cristal
Sou delicado
Frágil
Belo.
Parti-me nas mãos de um operário.
E se fosse um operário?
Não parto copos de cristal.
Só tenho copos de vidro.
Comuns
Banais tal como o pão que como.
Sou uma puta
Vivo na outra margem,
O meu patrão é a sociedade,
É para ela que trabalho
E um dia ela não trabalhará por mim.
Sou um barco,
Ca(n)sei-me com uma onda e parti...

Lídia

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